terça-feira, 20 de julho de 2010

Importância do material impresso

Para que seja eficaz o processo ensino-aprendizagem na EaD, não são necessários apenas bons professores, tecnologia e boa vontade O material impresso, nessa modalidade de ensino, tem espaço guardado e prioritário. Até porque o código impresso perpassa todo esse processo, desde os e-mails encaminhados por professores a alunos e vice-versa, bem como aqueles que vêm da equipe de Educação a Distância, dos monitores e tutores envolvidos em cursos e disciplinas a distância ou semipresenciais. Não é nosso objetivo falar aqui do código impresso digitalizado, disponibilizado em ambientes virtuais de aprendizagem, na Internet ou em sites educacionais. Quando se enuncia este termo, o que vem a mente mais rapidamente são folhas escritas, estruturadas em módulos e unidades de ensino. Um meio físico que permite ao aluno manusear, levar para qualquer canto, acompanhar o desenvolvimento das aulas.
Este material transformado em unidades "vivas" e diagramadas de acordo com as necessidades pedagógicas de cada curso, deve utilizar recursos que estimulem a aprendizagem. É importante destacar que mesmo o impresso necessita de uma boa dose de outras linguagens para que atraia a atenção do estudante. E quem trabalha nessa área tem que se preocupar com a disposição espacial do texto, as linhas demarcatórias, ilustrações, quadros, gráficos e outras possibilidades de conteúdos. Torna-se fundamental para quem produz módulos, cadernos, apostilas desenvolver combinações de linguagem que estimulem o acadêmico. É tão necessário quanto a mera exposição de informações.
Laaser (1997), Garcia Arétio (1996) observam que o material impresso tem boa aceitabilidade na EaD pois há uma cultura favorável no ambiente acadêmico. Além disso, explicam que este tipo de conteúdo é mais acessível, não necessita de equipe numerosa para a sua produção, além de ser econômico, pode ser facilmente multiplicado.
Na sua elaboração é importante levar em conta os três pressupostos básicos, sobre os quais está fundamentada a Educação a Distância: autonomia e independência no estudo; industrialização; interação e comunicação.
Contudo, tomando emprestado o que intui Holmberg (1985) e Landin (1997) é importante dizer que ponto central para a aprendizagem está na conversação guiada, dirigida, e na interação. Embora a EaD envolva toda uma série de recursos didáticos, os módulos impressos também devem ser partícipes desse movimento de dialogização, de entendimento, de indicações e contituído de uma linguagem própria facilitadora do relacionamento, ou melhor da interação professor/aluno/tutor/monitor.
Como explicam os autores, o processo eficaz de comunicação nesta modalidade de ensino é o bidirecional, em que o aluno assume uma posição ativa e que também seja capaz de se auto-afirmar. Ao adquirir uma certa autonomia para estudar, pesquisar e compartilhar com o grupo os seus avanços, ao longo do curso e de uma jornada específica, ele automaticamente amadurece e passa a demonstrar suas habilidades de auto-organização e autonomia (administração do tempo/espaço) para acompanhamento das atividades específicas das disciplinas e cursos em que está matriculado.
Um material de boa qualidade deve levar em conta algumas características que
são intrínsecas da modalidade educativa a distância: *equivalência entre conteúdo e exigências de acordo com o nível acadêmico - nem mais fácil, nem mais difícil; *produção de conteúdo adequado, imparcial, atualizado, seqüencial, motivador; *apresentação dos textos bem diagramados, com imagens. gráficos, figuras e recursos chamativos.
É preciso entender que o texto é a base para qualquer material didático, seja ele impresso ou não. Como se observou, ele está presente nos meios audiovisuais, na Internet e nos ambientes de aprendizagem virtuais.
Claro que, dependendo do veículo utilizado, há necessidade de se fazer ajustes da linguagem. Para cada meio há linguagens apropriadas. O rádio e a TV, por exemplo, trabalham com padrões que misturam linguagem formal e coloquial, (SOUZA, 2001), dependendo da ocasião, do tipo de informação ou programa que vai ao ar.
É importante que se tenha presente a coexistência de diferentes canais de comunicação e de diferentes linguagens [...]” (NEDER e POSSARI, 2001, p. 147) e consciência de seu uso na educação, na formação de jovens e adultos.
Essas devem se complementar, estar devidamente integradas. No material impresso, pode-se veicular textos verbais escritos e visuais sem qualquer problema, ou melhor, como uma solução que não pode ser desprezada.
Em Lá educación a distancia y la Uned, Garcia Aretio (1996) coloca também questões necessárias a serem observadas para quem produz material impresso em EaD. Deve-se usar palavras curtas e concretas, cheias de sentido, familiares, adotadas usualmente e em sentido habitual. Deve-se evitar palavras polissêmicas, produzir frases curtas e bem estruturadas, conectadas entre si. As frases devem priorizar os verbos de ação em voz ativa e preferencialmente no presente. A adoção de termos desconhecidos pode dificultar o entendimento e prejudicar a aprendizagem, bem como poderá desmotivar o aluno. Mais importante que aprender um novo termo, explica o autor, é assimilar conceitos ou idéias através de um vocabulário familiar.
Observa que "las analogías, metáforas y otras varientes de lenguaje figurativo que no sean conocidos por el estudiante deberán reducierce AL máximo, aconsejándose su empleo, sin embargo, cuando sus referentes son suficientemente familiares [...] (GARCIA ARETIO, 1996, p. 195). Apresenta outras dicas: repetições, analogias, exemplos e comparações ajudam a apresentar as mesmas idéias e conteúdos de forma diferente, sempre levando
em conta a preparação, a realidade e a experiência prévia do estudante.


GARCIA ARETIO, L. El material impresso em la enseñanza a distancia:
actas y congresos. Madrid:UNED, 1996
HOLMBERG, B. Educación a distancia: situación y perspectivas. Buenos
Aires: Kapelusz, 1985.
LAASER, W. (org.). Manual de criação e elaboração de materiais para
educação a distância. Brasília: CEAD, 1997.
LANDIN, C.M.M.P.F. Educação a distância: algumas considerações. Rio de
Janeiro: 1997.
NEDER, M.L.C.; POSSARI, L.H. Oficina para produção de material impresso.
In: Revista do Curso de Formação a Distância – Unirede. Curitiba:
MEC/Seed, 2001.
SOUZA, C. A. de. Educação nas ondas do rádio. In: Revista do Curso de
Formação a Distância – Unirede. Curitiba: MEC/Seed, 2001.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Pró-Reitoria de Ensino. Formação
Continuada para docentes do ensino superior: Educação a Distância, n.
05. Itajaí: UNIVALI, 2004.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Por que não usar web 2.0 e redes sociais no ensino?

07 de dezembro de 2006, 13:06
Sempre pensamos em web 2.0 para o comércio ou para o relacionamento pessoal, mas pouco utilizam as vantagens dessas ferramentas e conceitos para a área da educação.

Por Humberto Zanetti
Recentemente um consultor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Seely Brown, comentou em entrevista sobre a falta de investimento das escolas e universidades de todo o mundo na elaboração de projetos educacionais que utilizem recursos de web 2.0.

Brown enfatiza que tais projetos poderiam introduzir nos alunos a cultura de divulgar e debater idéias, como no uso de wikis e blogs.

Esse princípio é sempre enfatizado por pesquisadores na área da educação: dar a possibilidade de o aluno se tornar mais do que um ser passivo na etapa de aprendizagem. O aluno pode se tornar um agente pensante que veja nessas ferramentas a oportunidade ideal, estimulado pela possibilidade de formar e trocar conhecimentos.

O professor por sua vez terá a oportunidade de verificar aspectos muitas vezes difíceis de serem identificados na sala de aula, como a capacidade de elaborar textos, pesquisar sobre um assunto, dar uma opinião e debater a de outros.

Essa rede de comunicação também pode agregar valores à instituição de ensino. Um wiki bem desenvolvido, por exemplo, pode ser usado como ferramenta de pesquisa para alunos futuros, formando uma enciclopédia particular.
Como e quais ferramentas usar?

A princípio essa metodologia dever ser inserida gradativamente, com uma mescla de atividades em sala e em ambiente virtual. Seria válido o professor dar ?uma aula? sobre o conceito, as ferramentas e os objetivos e trazer aos poucos, posteriormente, em cada aula, o estímulo ao uso da tecnologia. Passada essa fase, pode pedir tarefas onde o conteúdo deverá ser exposto periodicamente via blog, ou após finalizado, submetido a um wiki.

Professores têm a possibilidade de utilizar os recursos web 2.0 também para seu controle de aulas, através de ferramentas online que ajudam o trabalho do profissional de ensino. Um exemplo seria um blog onde o professor compartilha informações com seus alunos e publica seu calendário de aulas e avaliações sempre atualizado, a relação parcial de notas, além de comentários sobre assuntos abordados.

Todas essas possibilidades descritas não exigem despesas adicionais. Um serviço bem interessante é o Edublogs.org. Voltado especificamente para profissionais de ensino, fornece um serviço de blog e atualmente integra ferramenta wiki do Wikispaces gratuitamente. Esta dobradinha de ferramentas forma um um ambiente simples e eficaz de aprendizado e colaboração.

Claro que nesse processo há barreiras. A primeira seria fazer com que os educadores aprendam e usem a web a seu favor. Que procurem se adequar e utilizem essas ferramentas como um meio de melhorar o processo educativo.

Em segundo lugar seria a etapa de treinar e educar os alunos nessas tecnologias e conceitos, onde vai se procurar mostrar como pode ser vantajoso tirar proveito de um ambiente colaborativo.

Cabe a nós, professores, a tarefa de abrir os olhos para essa nova oportunidade. O processo de aprendizagem não é somente transmitir o conhecimento e sim ensinar como usá-lo, como modificá-lo e até mesmo discordar dele. Temos as ferramentas, só falta usar. [Webinsider]

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR.

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR.

O primeiro registro de implementação da EAD na Educação Superior no Brasil data de 1904, contudo, apesar da qualificação, a oferta caracterizava-se como cursos técnicos de natureza livre - sem a necessidade de escolarização anterior- (Vianney et. al. 2003, p. 31).

Barreto (2006) destaca no contexto histórico nacional na década de 1940 a Universidade do Ar,

Em 1939, é fundado o Instituto Universal Brasileiro, em São Paulo, instituição privada, que oferece, até hoje, variada gama de cursos técnico-profissionais. Dois anos após, surge a Universidade do Ar. A experiência durou apenas dois anos e era voltada para a formação do professor leigo. (BARRETO, 2006)

As experiências com EAD na Educação Superior durante décadas no Brasil foram tímidas e relacionadas, na maioria das vezes a iniciativas de educadores e professores das instituições públicas de Educação Superior como ressalta Pires (2001).No que tange a institucionalização da EAD, Preti (2000) destaca que

A idéia de institucionalização das estruturas organizacionais vem se fazendo presente nas discussões sobre a EAD no país. Em 1986 houve a iniciativa de se criar uma comissão de especialistas do MEC e Conselho Federal de Educação, para a viabilização de propostas em torno da Universidade Aberta. Esta comissão foi coordenada pelo conselheiro Arnaldo Niskier e produziu um documento denominado Ensino a Distância uma opção - proposta do Conselho Federal de Educação, onde a modalidade é tida como uma alternativa viável à democratização das oportunidades educacionais no país, compreendendo a democratização como acesso, permanência e qualidade de ensino.

Malanchen (2007) registra como importante marco institucional a criação da READ – Rede Brasileira de Educação Superior Aberta e a Distância no fim da década de 80. Esta rede congregava recursos e esforços entre as instituições de nível superior que propunham departamentos/setores de EAD, contudo, por falta de apoio governamental não houve avanços.

Outros registros relacionados efetivamente a Educação Superior são destacados por Vianney et. al. (2003), quando, ao tratar da chamada 3º Geração de EAD, registra que a partir de 1995, surgem cursos de especialização via internet, e posteriormente (1997) uso de videoconferência em cursos de mestrado. O marco regulatório inicial se dá em 1996 com a promulgação da Le9.394/96:

Pela primeira vez, na história da legislação ordinária, o tema da EAD se converte em objeto formal, sendo seu capítulo composto por quatro artigos: o primeiro determina a necessidade de credenciamento das instituições; o segundo define que cabe à União a regulamentação dos requisitos para registro de diplomas; o terceiro disciplina a produção, o controle e a avaliação de programas de educação à distância; por fim, o quarto artigo faz referência a uma política de facilitação de condições operacionais para apoiar sua implementação. (Vianney ET. AL. 2003, p. 61)